terça-feira, 29 de abril de 2008

SEMINÁRIO MINAS DE MINAS na (minha) Cidade dos Profetas












Congonhas receberá, em 08/05, a etapa de interiorização do Seminário Legislativo Minas de Minas, promovido pela Assembléia de Minas, do qual já falamos aqui.




Participe! É o seu futuro que está em jogo!



























Considero esta uma das mais importantes reuniões do Seminário, por tratar-se de um município que tem privilegiado a mineração como fonte de geração de emprego e renda, permitindo a exploração de suas jazidas à exaustão. A cidade tem tudo para ser um pólo turístico e de lazer, com suas atrações barrocas e paisagens exuberantes, além do famoso e bem estruturado Parque da Cachoeira.

O Jubileu do Bom Jesus do Matozinhos atrai milhares de fiéis todos os anos, há mais de duzentos anos, ao Município, o que, por si só, já se constitui num evento de propagação da exuberância da arte pela força da fé.

Não conseguimos compreender o porquê de, ainda assim, todos os seus gestores públicos, desde a sua emancipação política, nunca se empenharem em transformar essa vocação de atração por inúmeros atributos em realidade, para o bem da população e da sustentabilidade socioambiental da região.

Pouca gente sabe que as montanhas circundantes do núcleo urbano da cidade compõem o complexo paisagístico que se integra, que comunga com o conjunto arquitetônico criado pelo Mestre Antônio Francisco Lisboa, o "Aleijadinho", formando um belíssimo quadro. Entretanto, isso não impediu que a Companhia que explora a Mina Casa de Pedra rasgasse toda a extensão lateral da serra de mesmo nome, deixando uma ferida aberta de frente para as obras do Aleijadinho. O que é pior: segundo trabalhadores da própria companhia, a montanha desaparecerá em alguns anos.
Veja abaixo um quadro apresentado no site do próprio Município sobre a sua economia:
ECONOMIA

Congonhas está entre as quinze cidades que mais arrecada impostos em Minas Gerais. A principal origem destes impostos é o ICMS gerado pela empresas de extração de minério de ferro e pela Açominas. Já foi a primeira cidade em renda per-capita entre os mais de 700 municípios do Estado.

Mineração Casa de Pedra (CSN) Pertencente à
Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), até pouco tempo era responsável por 100% do minério de ferro consumido na siderúrgica em Volta Redonda. Já teve cerca de 1500 trabalhadores, hoje cerca de 600 funcionários e é uma das empresas mais tradicionais da região.

Ferteco Mineração S/A - A Ferteco Mineração S/A, era uma multinacional alemã, hoje pertencente à CVRD - Vale. Produz minério de ótima qualidade. Já teve quase 2000 funcionários e hoje tem cerca de 700 funcionários. Sua produção é destinada à exportação.


Ou seja, a tendência é que o número de empregados diminua ainda mais, com a utilização de novas tecnologias e até com a diminuição da própria capacidade de produção da jazida. Os lucros? Só AUMENTAM! Batem recordes a cada novo balanço. E a cidade?
Após a safra única do minério de ferro da região, como dito acima, "destinada à exportação", sem agregação de valor à matéria-prima, o que farão os habitantes de Congonhas? Viverão de quê?
Com a imensurável degradação do solo e a (in)consequente explotação dos recursos hídricos e minerais, pelo rebaixamento dos lençóis freáticos, pela supressão da vegetação nativa, o futuro que se desenha para a região não é dos mais promissores. 

A população tem que participar, dar suas sugestões, cobrar dos governantes uma posição de vanguarda quanto à diversificação econômica, à profícua utilização dos recursos da CFEM e ao aumento de sua alíquota arrecadada; à criação de novos espaços e fronteiras profissionais, à preservação do patrimônio ambiental, arquitetônico, paisagístico e cultural, sem as quais Congonhas e inúmeros outros municípios mineradores de Minas Gerais e do País tendem a tornar-se futuras cidades-fantasmas, desertas e sem vida.
As fotos do Parque da Cachoeira (piscina) e dos Profetas com o pôr-do-sol mostram ao fundo parte da montanha que irá desaparecer.

Nenhum comentário: