segunda-feira, 10 de novembro de 2014

A ESTIAGEM, A SECA E A BUSCA DE SOLUÇÕES - por Nísio Miranda


                         
                                                                                  
Vivemos momentos estarrecedores de estiagem, seca e esvaziamento de reservatórios de água estratégicos para o estado e para o País, tanto do ponto de vista do abastecimento de água para os mais diversos fins, quanto do ponto de vista energético, de geração de energia hidrelétrica.

Há cerca de um mês, o maior sistema de abastecimento público de água do País - o Cantareira, em São Paulo - formado por inúmeros rios, nascidos em Minas Gerais e naquele estado, teve que ser submetido à liberação de utilização de seu volume morto – reserva emergencial do volume total acumulado. Poucos dias depois, anuncia-se o comprometimento do Sistema Alto Tietê e, agora, vemos ameaçado o Guarapiranga. Em Minas Gerais, estado considerado a “caixa d'água do Brasil”, por seus inúmeros rios e mananciais e grande capacidade de absorção e acumulação hídrica em suas serras e lençóis freáticos, a situação não é diferente. O Lago de Três Marias, formado pelas águas do Rio São Francisco e seus afluentes, na região central de Minas, está sob forte ameaça de total esvaziamento. Bem como Furnas, no sul do estado.Conflitos pela utilização de água para a agricultura, a dessedentação humana e animal e para a indústria, pipocam, diariamente, já em muitas regiões.

Em meio ao caos anunciado, pontos de esperança surgem em diversas partes do País, na iniciativa de grupos de pessoas abnegadas, que buscam soluções não-convencionais e longe dos gabinetes do poder, mas articulando-se para chegar até eles de forma organizada, participativa e reivindicativa, num modo solidário de buscar o bem comum.

Em São Paulo, organizações não-governamentais estão estimulando a criação de comitês da sociedade civil, com atuação paralela aos comitês de bacias hidrográficas, para o monitoramento da distribuição de água. Querem alertar a população para a urgência da conservação dos recursos hídricos, incentivando a redução do consumo, a tomada de decisões urgentes para o combate ao desperdício e os investimentos em melhorias da gestão hídrica pelo poder público.

Em Buritis, Noroeste de Minas Gerais, criou-se o Comitê de Defesa da Bacia do Rio Urucuia (COMDRU), que convoca audiências públicas – uma marcada para o dia 12/10/2014, às 09:00 horas, na Câmara Municipal daquele município –, promove discussões e reúne agricultores familiares, técnicos, lideranças comunitárias e organizações para cumprir o seu objetivo: defender a utilização responsável, compartilhada e justa das águas daquele importante afluente do Rio São Francisco.

Isso nos leva a refletir sobre a importância do protagonismo da sociedade civil na gestão e na preservação do nosso patrimônio hídrico. Com o agravamento das mudanças climáticas, o distanciamento das precipitações nos ciclos hidrológicos, o desmatamento e inúmeros outros fatores que, inevitavelmente, nos levarão à escassez de água ou à perda de sua qualidade para muitos fins, é urgente que todos possamos nos apoderar do máximo de informações sobre o tema, multiplicá-las entre amigos e vizinhos, discutir em comunidade e buscar soluções para o que, na verdade, pode significar prejuízos materiais, doenças, sede, fome e o mais grave de tudo isso: a perda de vidas.

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