Vivemos momentos
estarrecedores de estiagem, seca e esvaziamento de reservatórios de água
estratégicos para o estado e para o País, tanto do ponto de vista do
abastecimento de água para os mais diversos fins, quanto do ponto de
vista energético, de geração de energia hidrelétrica.
Há cerca de
um mês, o maior sistema de abastecimento público de água do País - o
Cantareira, em São Paulo - formado por inúmeros rios, nascidos em Minas
Gerais e naquele estado, teve que ser submetido à liberação de
utilização de seu volume morto – reserva emergencial do volume total
acumulado. Poucos dias depois, anuncia-se o comprometimento do Sistema
Alto Tietê e, agora, vemos ameaçado o Guarapiranga. Em Minas Gerais,
estado considerado a “caixa d'água do Brasil”, por seus inúmeros rios e
mananciais e grande capacidade de absorção e acumulação hídrica em suas
serras e lençóis freáticos, a situação não é diferente. O Lago de Três
Marias, formado pelas águas do Rio São Francisco e seus afluentes, na
região central de Minas, está sob forte ameaça de total esvaziamento.
Bem como Furnas, no sul do estado.Conflitos pela utilização de
água para a agricultura, a dessedentação humana e animal e para a
indústria, pipocam, diariamente, já em muitas regiões.
Em meio ao
caos anunciado, pontos de esperança surgem em diversas partes do País,
na iniciativa de grupos de pessoas abnegadas, que buscam soluções
não-convencionais e longe dos gabinetes do poder, mas articulando-se
para chegar até eles de forma organizada, participativa e
reivindicativa, num modo solidário de buscar o bem comum.
Em São
Paulo, organizações não-governamentais estão estimulando a criação de
comitês da sociedade civil, com atuação paralela aos comitês de bacias
hidrográficas, para o monitoramento da distribuição de água. Querem
alertar a população para a urgência da conservação dos recursos
hídricos, incentivando a redução do consumo, a tomada de decisões
urgentes para o combate ao desperdício e os investimentos em melhorias
da gestão hídrica pelo poder público.
Em Buritis, Noroeste de
Minas Gerais, criou-se o Comitê de Defesa da Bacia do Rio Urucuia
(COMDRU), que convoca audiências públicas – uma marcada para o dia
12/10/2014, às 09:00 horas, na Câmara Municipal daquele município –,
promove discussões e reúne agricultores familiares, técnicos, lideranças
comunitárias e organizações para cumprir o seu objetivo: defender a
utilização responsável, compartilhada e justa das águas daquele
importante afluente do Rio São Francisco.
Isso nos leva a
refletir sobre a importância do protagonismo da sociedade civil na
gestão e na preservação do nosso patrimônio hídrico. Com o agravamento
das mudanças climáticas, o distanciamento das precipitações nos ciclos
hidrológicos, o desmatamento e inúmeros outros fatores que,
inevitavelmente, nos levarão à escassez de água ou à perda de sua
qualidade para muitos fins, é urgente que todos possamos nos apoderar do
máximo de informações sobre o tema, multiplicá-las entre amigos e
vizinhos, discutir em comunidade e buscar soluções para o que, na
verdade, pode significar prejuízos materiais, doenças, sede, fome e o
mais grave de tudo isso: a perda de vidas.
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